sexta-feira, 28 de novembro de 2014

TDAH é um transtorno biológico-neurológico?




Por que as crianças francesas não têm Deficit de Atenção?

Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e estão sendo tratadas com medicamentos. Na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%. Como é que a epidemia de TDAH, que tornou-se firmementeestabelecida nos Estados Unidos, foi quase completamente desconsiderada com relação a crianças na França?TDAH é um transtorno biológico-neurológico? 

Surpreendentemente, a resposta a esta pergunta depende do fato de se morar em França ou nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico, com causas biológicas. O tratamento de escolha também é biológico – medicamentos estimulantes psíquicos, tais como Ritalina e Adderall.

Os psiquiatras infantis franceses, por outro lado, vêem o TDAH como uma condição médica que tem causas psico-sociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança; não o cérebro da criança, mas o contexto social da criança. Eles, então, optam por tratar o problema do contexto social subjacente com psicoterapia ou aconselhamento familiar. Esta é uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança.

Os psiquiatras infantis franceses não usam o mesmo sistema de classificação de problemas emocionais infantis utilizado pelos psiquiatras americanos. Eles não usam o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou DSM. De acordo com o sociólogo Manuel Vallee, a Federação Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação alternativa, como uma resistência à influência do DSM-3. Esta alternativa foi a CFTMEA (Classification Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent), lançado pela primeira vez em 1983, e atualizado em 1988 e 2000. O foco do CFTMEA está em identificar e tratar as causas psicossociais subjacentes aos sintomas das crianças, e não em encontrar os melhores bandaids farmacológicos para mascarar os sintomas.

Na medida em que os médicos franceses são bem sucedidos em encontrar e reparar o que estava errado no contexto social da criança, menos crianças se enquadram no diagnóstico de TDAH. Além disso, a definição de TDAH não é tão ampla quanto no sistema americano, que na minha opinião, tende a “patologizar” muito do que seria um comportamento normal da infância. O DSM não considera causas subjacentes. Dessa forma, leva os médicos a diagnosticarem como TDAH um número muito maior de crianças sintomáticas, e também os incentiva a tratar as crianças com produtos farmacêuticos.

A abordagem psico-social holística francesa também permite considerar causas nutricionais para sintomas do TDAH, especificamente o fato de o comportamento de algumas crianças se agravar após a ingestão de alimentos com corantes, certos conservantes, e / ou alérgenos. Os médicos que trabalham com crianças com problemas, para não mencionar os pais de muitas crianças com TDAH, estão bem conscientes de que as intervenções dietéticas às vezes podem ajudar. Nos Estados Unidos, o foco estrito no tratamento farmacológico do TDAH, no entanto, incentiva os médicos a ignorarem a influência dos fatores dietéticos sobre o comportamento das crianças.

E depois, claro, há muitas diferentes filosofias de educação infantil nos Estados Unidos e na França. Estas filosofias divergentes poderiam explicar por que as crianças francesas são geralmente mais bem comportadas do que as americanas. Pamela Druckerman destaca os estilos parentais divergentes em seu recente livro, Bringing up Bébé. Acredito que suas idéias são relevantes para a discussão, por que o número de crianças francesas diagnosticadas com TDAH, em nada parecem com os números que estamos vendo nos Estados Unidos.

A partir do momento que seus filhos nascem, os pais franceses oferecem um firme cadre - que significa “matriz” ou “estrutura”. Não é permitido, por exemplo, que as crianças tomem um lanche quando quiserem. As refeições são em quatro momentos específicos do dia. Crianças francesas aprendem a esperar pacientemente pelas refeições, em vez de comer salgadinhos, sempre que lhes apetecer. 

Os bebês franceses também se adequam aos limites estabelecidos pelos pais. Pais franceses deixam seus bebês chorando se não dormirem durante a noite, com a idade de quatro meses.
Os pais franceses, destaca Druckerman, amam seus filhos tanto quanto os pais americanos. Eles os levam às aulas de piano, à prática esportiva, e os incentivam a tirar o máximo de seus talentos. Mas os pais franceses têm uma filosofia diferente de disciplina. Limites aplicados de forma coerente, na visão francesa, fazem as crianças se sentirem seguras e protegidas. Limites claros, eles acreditam, fazem a criança se sentir mais feliz e mais segura, algo que é congruente com a minha própria experiência, como terapeuta e como mãe. Finalmente, os pais franceses acreditam que ouvir a palavra “não” resgata as crianças da “tirania de seus próprios desejos”. E a palmada, quando usada criteriosamente, não é considerada abuso na França.

Como terapeuta que trabalha com as crianças, faz todo o sentido para mim que as crianças francesas não precisem de medicamentos para controlar o seu comportamento, porque aprendem o auto-controle no início de suas vidas. As crianças crescem em famílias em que as regras são bem compreendidas, e a hierarquia familiar é clara e firme. Em famílias francesas, como descreve Druckerman, os pais estão firmemente no comando de seus filhos, enquanto que no estilo de família americana, a situação é muitas vezes o inverso.



quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Bullying






Bullying são actos de violência físicos ou psicológicos, repetidos individualmente ou em grupo, causando sensações de desesperança, impotência, dor e angústia. Ser vítima de bullying é uma experiência extremamente dolorosa e humilhante e, deixa marcas na pessoa para o resto da vida.

Os actos são praticados numa relação de poder desigual, onde o agressor humilha e intimida a vítima, como forma de se impor física e psicologicamente, e de se sentir superior.

Este tipo de agressões ocorre geralmente em locais escondidos, sendo por esse motivo difíceis de descobrir. E, as características de personalidade das vitimas, tais como baixa auti-estima, timidez e medo das consequências dos seus actos e da reação dos bullies (autores de bullying), fazem com que tenham uma postura passiva e, não reajam perante os bullies, nem partilhem com ninguém as agressões sofridas pela vergonha que sentem e adianta pouco dizer-lhes para reagirem ou para não terem medo.

Nestas situações, o melhor é estar atento aos sinais e a pedir ajuda especializada para minimizar os efeitos do bullying.

Sinais que podem ajudar a perceber se está a ser vítima de Bullying:

Alterações no humor;
Ataques de fúria;
Auto-agressão;
Poucos amigos;
Dificuldades de atenção;
Inquietude corporal;
Fúria intensa;
Muito impaciente;
Mais introspectivo;
Diminuição dos resultados na escola;
Queixas psicológicas ou físicas tais como, dor de cabeça, de estômago, cansaço e, irritabilidade frequentes.

Sugestões aos educadores:

1. Converse com a criança e tente perceber o que está a acontecer e, transmita-lhe apoio incondicional.

2. Envolva a escola se for o caso, na procura de uma resolução e identifiquem os "bullies"-autores de bullying.

3. É importante procurar ajuda especializada para minimizar os efeitos do bullying e procurar soluções para terminar com este tipo de agressões.



Segundo a Notícia publicada no Jornal de Notícias de 22 de maio de 2015, Os casos de bullying nas escolas “muito superiores aos oficiais”
O número de estudantes envolvidos em casos de ‘bullying’, em Portugal, é “muito superior” ao das estatísticas oficiais e pode ser superior a 240 mil, defendeu esta sexta-feira a investigadora Susana Carvalhosa.
A responsável, do Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa, falava hoje num seminário sobre “Estratégias e medidas de prevenção de bullying e do cyberbullying”, que decorreu em Lisboa.
“Os estudos indicam que um em cada cinco estudantes está envolvido diretamente em alguma situação de ‘bullying'”, os números dos serviços especializados são muito mais baixos e as estatísticas oficiais ainda mais, disse a investigadora.
E acrescentou: Dados de 2014, sobre a segurança na escola, indicam que os casos de ‘bullying’ foram 1.446; se fizermos a conta a todos os alunos das escolas poderíamos dizer que temos 241.000 alunos (20 por cento do total) envolvidos nessas situações.
“Se for um em cada cinco há muitas crianças a precisar da nossa ajuda”, advertiu a investigadora e professora do Departamento de Psicologia Social e das Organizações, do ISCTE.
O ‘bullying’ (situação de agressão, ameaça ou opressão praticada contra alguém), salientou a responsável, não acontece apenas em contexto escolar, mas também familiar, no trabalho, no bairro e até no país, porque “há países vítimas e países agressores”.
Perante mais de uma centena de participantes, Susana Carvalhosa explicou que, para que haja ‘bullying’, é preciso que haja uma intenção de provocar dano, que a ação se repita e que haja um desequilíbrio entre o agressor e a vítima. No mundo virtual, acrescentou, se alguém coloca, por exemplo, numa rede social, um vídeo humilhante, ainda que não coloque mais nenhum, é considerado ‘cyberbullying’, porque cada acesso ao vídeo reforça o comportamento agressor.
Baseando-se em investigações feitas pelo ISCTE, a responsável disse que a promoção da empatia leva a comportamentos de entreajuda, que os agressores têm por norma dificuldade em desenvolver empatia e que as vítimas “têm situações elevadas de ‘stress'”.
Começando por lembrar que o ‘bullying’ não é um fenómeno recente, embora se fale muito mais nele nos últimos anos, a investigadora disse que se fez na Faculdade um estudo com jovens adultos (25 a 35 anos), a quem se perguntou se passaram por situações de ‘bullying’. “O estudo aponta para que os que disseram que foram vítimas têm hoje menos autoestima”.
“Se não atuarmos, podemos estar a criar indivíduos que em adultos sofrem de insegurança”, salientou.
Para ajudar a prevenir o ‘bullying’, o ISCTE e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa estão a desenvolver um jogo para crianças chamado “StopBully”, que está ainda em construção e que estará disponível para telemóvel, computador e ‘tablet’.
Cátia Raminhos, da Faculdade de Ciências, e Maria de Jesus Candeias, do ISCTE, explicaram que a aplicação promove a empatia e destina-se a jovens, entre os 10 e os 12 anos, porque “os dados dizem que o pico de casos situa-se até aos 13 anos”.


Comunicar o divórcio aos filhos



Comunicar o divórcio aos filhos – Directrizes a ter em conta.

A decisão de se divorciar é sempre difícil, principalmente se existirem filhos. As mudanças, o começar tudo do zero é sempre muito angustiante. A incerteza do futuro e as mudanças que advêm afectam toda a dinâmica familiar. 

Nessas alturas, é possível que todos os envolvidos sintam culpa, raiva, melancolia, fracasso, entre outros, sendo necessário criar condições para que todo o processo decorra da melhor forma para todos, especialmente para as crianças que sofrem muitas vezes mais que os pais, chegando a sentirem-se culpados pela separação dos pais.

As crianças não reagem ou sofrem todas da mesma forma, o que influencia fortemente o seu sentir é sem dúvida o comportamento dos pais durante todo o processo de divórcio.  

Após a decisão de se divorciarem, os pais devem combinar todas as medidas a tomar, antes de falarem com os filhos, tais como, com quem ficam a morar, mudança de escola se for o caso, como as visitas irão decorrer, entre outras, para a criança sentir alguma segurança na sua mudança de rotinas. Reforçando que as mesmas sejam mantidas sempre que possível.

Comunicar aos filhos essa decisão, só quando existe certeza. Referir que a separação é definitiva e que os pais já não desejam viver juntos e, que eles não têm culpa nenhuma do seu divórcio.

Reforçar que os pais continuam a amá-los muito deles e que estarão sempre ao seu lado para os ajudar, mesmo vivendo em casas diferentes. 

Conversarem em família para explicar todas as dúvidas sobre as mudanças que irão acontecer, abordando todas as questões de modo sincero e verdadeiro.

Ter em conta que a compreensão do que é referido depende da idade da criança.

Comunicarem sem acusações e sem atitudes agressivas na frente das crianças. Nunca utilizarem os filhos como forma de atingir o outro progenitor, assim como em nenhum momento devem denegrindo imagem da mãe ou pai. E, não privar as crianças do contacto com qualquer um dos progenitores, porque com isso só prejudicam o seu bom desenvolvimento da criança.

Oferecer espaço às crianças para expressarem os seus sentimentos e opiniões. Estarem atentos para perceber o sentir e reagir das crianças em todo o processo de divórcio, através da sua comunicação verbal e não-verbal, tais como, sinais de tristeza, alterações de comportamento, birras mais frequentes, queixas de índole física, desinteresse escolar, etc.

O divórcio é entre os progenitores, não entre pais e filhos, como tal a atribuição de culpas e a resolução dos conflitos, devem ser resolvidos enquanto casal e nunca, mas nunca mesmo, as crianças devem ser envolvidas nesta luta, nem privados do contacto com o progenitor que não ficou com a custódia, porque isso só compromete o bom desenvolvimento das crianças. 

Como aumentar a autoestima e a autoconfiança?




A autoestima é o apreço ou valorização que a criança confere a si própriapermitindo-lhe ter confiança nos próprios actos e pensamentos.

A autoestima e a autoconfiança de uma criança são elementos decisivos para o seu sucesso futuro, tendo implicações tanto a nível do desempenho escolar como nos seus relacionamento interpessoais. 


Ao longo do crescimento da criança, é importante incluir alguns ingredientes indispensáveis para um desenvolvimento saudável, sendo essencial ajudá-lo, a fortalecer a sua autoestima e autoconfiança, por serem extremamente importantes na formação da sua personalidade.

O aumento da autoestima, ajuda a criança a sentir menos conflitos internos, a ser mais tranquila e organizada. Este equilíbrio aumenta a sua disponibilidade para a aprendizagem. Este é um dos melhores recursos que pode oferecer ao seu filho para que desenvolva as competências necessárias e ser bem sucedido no futuro.


De igual modo, quando  a criança possui autoconfiança, fica menos impulsiva e  torna-se mais responsável. Estas aptidões, contribuem para a melhoria do seu comportamento em geral. Incrementando os seus sucessos posteriores.

Como aumentar a autoestima e a autoconfiança do seu filho?
Uma boa autoestima é decisiva para o sucesso futuro da criança. Os pais por serem as suas figuras de referência, têm de estar atentos a tudo o que fazem ou dizem, por poderem influenciar a forma como a criança se vê a si própria. Nesse sentido, é importante ajudá-la a desenvolver tais competências.
Algumas sugestões que facilitam esse processo: 
-Elogie muito - Os elogios são extremamente importantes para a criança desenvolver uma boa auto-imagem e autoconfiança. 
Valorize o seu esforço – É importante valorizar sempre as suas habilidades e o bom desempenho, especialmente se a criança fez um esforço para alcançar determinado resultado. Reforçar os elogios quando faz algo bem, motiva a criança a manter as atitudes pelas quais é elogiada.  
Ajude a criança a decidir – Sempre que possível peça à criança para escolher, o que quer fazer e pergunte-lhe qual a sua opinião sobre questões simples, em vez de escolher/decidir por ela. Deste modo, estimula a sua independência e, facilita o desenvolvimento de sentimentos de confiança em si própria, principalmente ao nível da tomada de decisão.  
Dê-lhe espaço para se expressar – Quando a criança sente que os pais ouvem a sua opinião e a consideram relevante, aprende a acreditar mais em si própria e melhora a criatividade.
Encoraje a criança a experimentar – Todas as vivências contribuem para um desenvolvimento saudável. As experiências influenciam muito a sua personalidade, permitem que seja mais fácil identificar os seus gostos e preferências futuras.
Nunca compare a criança com outra criança – Todas têm aptidões e competências diferentes, umas são melhores numas atividades, mas outras têm melhor desempenho noutras, por isso nunca se devem ser comparadas. Assim, o mais importante é valorizar as competências em que se destaca e não vincar as dificuldades. Agir assim, contribui para consolidar a sua autoconfiança.  
Quando sentimentos da criança são ignorados, nunca pode desenvolver  capacidade de confiar em si própria e nas suas percepções. Estes sentimentos, ficam registados no seu mundo interno, desde a infância à idade adulta.

A importância das regras




As crianças para se desenvolverem de forma saudável precisam não só de amor, mas também de regras e limites. O amor é essencial para a criança ter auto-estima e autoconfiança, contudo, precisa igualmente de ter regras e limites para desenvolver auto-controlo.
Os pais devem ter o controlo nas suas mãos, mas muitas vezes não sabem como agir em determinadas situações, o importante é não ter receios em dizer “não” quando necessário. Os pais são os modelos para os filhos, sendo por esse motivo extremamente importante que as suas atitudes sejam verdadeiras e ponderadas.
É na família que a criança aprende as regras do comportamento, onde constrói os alicerces da sua educação e molda a sua personalidade. Essa educação reflecte-se em todas as suas relações interpessoais, não só enquanto criança mas em toda a sua vida futura, sendo por esse motivo, extremamente importante ter consciência da necessidade de dar não só amor, mas de estabelecer regras e limites às crianças para se tornarem adultos equilibrados ao terem esses referenciais educacionais. 
A criança precisa de regras e reage bem, se as mesmas forem simples, claras e poucas de cada vez, sem esquecer que devem ser adequadas á sua idade. A criança tem de perceber o que está certo ou errado, por forma a ter capacidade para as compreender. É importante ser firme na implementação dos limites e regras, mas sem ser demasiado inflexível. 
Nem sempre é fácil para os pais fazer cumprir regras, tendo o sentimento de estarem a ser maus para os filhos, chegando a sentir por vezes, um aperto no coração, mas é algo necessário, apesar dessa dificuldade, nunca devemos esquecer que esse esforço na aplicação de regras e limites, é benefício para a criança e terá reflexos muito positivos para um crescimento saudável. As crianças com regras e limites tornar-se-ão jovens mais confiantes e felizes.

É importante muitas vezes, negociar a imposição de regras com a criança, pedindo-lhe opinião sobre determinada situação ou qual será a consequência após determinado comportamento incorrecto. Desta forma, as exigências impostas são menos inflexíveis e rígidas, permitindo que sejam cumpridas com maior facilidade e com menor contestação. Assim ao envolver a criança nessa aplicação de regras, estimula ao mesmo tempo, a sua independência.  

Perceber o comportamento da criança é o segredo para impor limites!
7 passos para impor regras:
1.Falar com a criança em tom calmo;
2.Explique-lhe de forma inequívoca o que pretende que a criança faça;
3.Pergunte-lhe se percebeu a regra que estabeleceu;
4.Elucide a criança sobre consequências de não cumprir as regras;
5.Pode em algumas vezes perguntar à criança qual o castigo que merece se não fizer o que é suposto;
6.Não refira castigos que sabe antecipadamente que não pode ou não consegue cumprir;

7. Faça cumprir sempre os castigos! 

Medos frequentes na infância



Em criança surgem frequentemente alguns medos e muitos deles são sentidos de forma muito intensa.

Os pais sentem que é muito difícil ajudar a criança a enfrentar os medos, principalmente porque na infância a criança tem ainda muita dificuldade, em distinguir a realidade da fantasia. O medo que a criança sente, parece ser real e muito assustador, sendo por esse motivo, muito difícil de tranquilizar.

O medo é uma sensação que proporciona um estado de alerta originado pelo receio de fazer alguma coisa, quando a criança se sente ameaçada, tanto fisicamente como psicologicamente. O medo corre para a proteger. 

O medo é uma reacção que aparece quando um estímulo físico ou mental, gera uma resposta de alerta no organismo para a criança fugir ou lutar. 

Sentir alguns medos em determinada idade é considerado normal, pelo facto do medo ser instintivo e servir de alerta, ajudando a evitar que criança corra riscos desnecessários.    

Os medos podem ser reais ou imaginários e ocorrem muito precocemente, os mais frequentes são:

Até aos 6 meses - medo de luzes e ruídos fortes, receio de perder o aconchego;  

Dos 6 aos 12 meses – medo de desconhecidos, receio da criança em se separar dos pais;

Até aos 2 anos – A criança mantém o medo de separação dos pais e de ser abandonada, receio de estar em sítios desconhecidos, medo de animais;

Entre os 3 e 4 anos – Medo de máscaras e do escuro, continua a sentir receio em se separar dos pais e a ter medo de animais;

Aos 5 anos – Medo de ladrões, mantém receio de separação dos pais e a ter medo de animais;

6 anos -  Medo de monstros, bruxas, do escuro, trovoadas  e de ficar ou dormir sozinho. Continua o receio de separação dos pais;

Entre os 7 e 8 anos – Medo do escuro, medo quando vê alguns filmes ou notícias trágicas, medo de seres sobrenaturais, mantém o temor em ficar sozinho.

Dos 9 aos 13 anos – Medos relacionados com a morte, receio das discussões dos pais, medos sobre ocorrências na escola, receio sobre a sua aparência física.

Se determinado medo se mantiver após a idade considerada normal, consulte um especialista para ajudar a criança a superar o medo que a perturba.  

Melhorar comportamentos inadequados



No momento em que a criança deixa de estar a ter um comportamento inadequado, como por exemplo a chorar, a gritar ou a fazer qualquer tipo de birra, os pais devem devem elogiar a criança por voltar a adoptar o comportamento adequado.

Os pais se pretenderem podem dizer à criança que ela vai ser ignorada pela sua birra, no entanto, o que disserem tem de ser coerente com a sua atitude, isto é, não podem manifestar o mínimo sinal de aborrecimento e evitar o contacto visual.




As crianças devem aprender a conhecer as consequências dos seus actos e, perceber que umas são negativas e que outras são positivas.

Os pais devem avisar as crianças das consequências para os determinados tipos de comportamento. Assim a criança ao ser castigada aprende, é a consequência dos seus actos que a ensina. 

É importante referir que os pais não pode efectuar o aviso por exemplo, zangado porque nesse caso, a criança retém o estado do educador e, não a consequência. 

A função dos pais é avisar as crianças sobre as consequências do seus comportamentos.


As consequências são aplicadas pelos pais, mas a escolha é da criança, por isso, a responsabilidade de sofrer a consequência também é sua quando não cumpre o que lhe foi solicitado.


Que tipo de atenção pretende dar?



Horas de sono







O sono dá saúde e faz crescer!

O sono é muito importante para o equilíbrio psicológico, pois quando a criança dorme bem, fica menos irritável, ansiosa e mais sociável.

Dormir bem é muito importante, para os processos de aprendizagem e memorização.
É nesta fase que ocorrem muitas funções do cérebro, essenciais para o seu crescimento saudável e combate a obesidade.

Quantas horas de sono diárias:

Bebés-16 horas;

1ªInfância-16 horas;

Adolescência- 10 horas.

Como ajudar a criança a pensar melhor




Os educadores devem estimular o pensamento da criança, permitindo-lhe que pense por si própria.


Como educadores temos a responsabilidade de os ajudar a resolver problemas, de forma autónoma e responsável, evitando transmitir a todos os momentos o que devem fazer em determinadas circunstância, porque não perguntar-lhe sempre que possível, qual é a sua opinião ou o que estão a sentir em determinadas situações.

Pretendemos muitas vezes impedir o sofrimento das crianças e evitar que elas cometam os mesmos erros que nós próprios cometemos, mas desta forma, não estamos a permitir que realizem o seu próprio percurso de aprendizagem, nem o desenvolvimento das suas competências.

O objectivo é ensinar-lhes a pensar por si e, a terem comportamentos dentro das linhas de conduta transmitidas pelos educadores, mas com abertura de espaço para manifestarem a sua criatividade e iniciativa quando têm de enfrentar e resolver os problemas com que se deparam. Desta forma, está a permitir que desenvolvam recursos comportamentais e emocionais para aumentar a sua capacidade de adaptação às contrariedades que apareçam ao longo a vida.

A sua função como educador é ensinar-lhe quais as ferramentas que pode utilizar para lidar com as vicissitudes, só com essas aprendizagens é que a criança pode crescer de forma saudável.

A criança ao errar também está a aprender!


Perguntar por perguntar é um divertimento e exercita a arte da comunicação.

As explicações devem ser simples e adequadas à idade da criança, para que entenda o que é explicado e não se aborreça.

Responder com bom senso, mesmo que nem sempre a criança entenda toda a explicação, percebe que todas as perguntas têm resposta, enriquece o vocabulário e fomenta a curiosidade. Responder com pequenas comparações ou dar exemplos ajudam a entender melhor as explicações.

É um divertimento interessante e útil, sendo necessário estimular a criança para que a criatividade floresça!



Explicar a morte às crianças




Como abordar um tema tão delicado com as crianças, quando nós próprios no momento em que morre alguém afetivamente importante para nós, nem sempre conseguimos lidar com o sucedido, outras vezes, também não entendemos porque acontecem coisas más a pessoas boas, quando também os adultos não têm respostas. Se as dúvidas existem nós adultos, imagine como deve ser difícil para as crianças.

Devemos abordar o tema, em conformidade com a idade da criança e consoante as crenças religiosas de cada um. Sem esquecer, a escolha das palavras utilizadas que são essenciais para não perturbar mais a criança.


É por volta dos 4 anos que as crianças começam a colocar este tipo de questões.

Quando perguntam o que é Morrer?

Referir que a morte significa que a pessoa já não está entre nós, porque a vida dessa pessoa terminou e tentar esclarecer todas as dúvidas numa linguagem simples, adequada à idade da criança. 


Facultar espaço e tempo para a criança exteriorizar os seus sentimentos. Se a criança fica triste é importante reconfortá-la e estar atento ao seu comportamento. Ser compreensivo se tiver atitudes pouco habituais, como fazer mais birras, não conseguir dormir, tiver pesadelos, choramingar sem razão aparente, ser mais desafiante.

Explicar que a pessoa desapareceu ou que a perdemos, são respostas vagas, este tipo de comentários não explicam que a pessoa deixou de viver, que a sua vida chegou ao fim e deixou de estar entre nós.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Por que as crianças francesas não têm Deficit de Atenção?



Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e estão sendo tratadas com medicamentos. Na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%. Como é que a epidemia de TDAH, que tornou-se firmemente estabelecida nos Estados Unidos, foi quase completamente desconsiderada com relação a crianças na França?TDAH é um transtorno biológico-neurológico? Surpreendentemente, a resposta a esta pergunta depende do fato de você morar na França ou nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico, com causas biológicas. O tratamento de escolha também é biológico – medicamentos estimulantes psíquicos, tais como Ritalina e Adderall.
Os psiquiatras infantis franceses, por outro lado, vêem o TDAH como uma condição médica que tem causas psico-sociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança; não o cérebro da criança, mas o contexto social da criança. Eles, então, optam por tratar o problema do contexto social subjacente com psicoterapia ou aconselhamento familiar. Esta é uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança.
Os psiquiatras infantis franceses não usam o mesmo sistema de classificação de problemas emocionais infantis utilizado pelos psiquiatras americanos. Eles não usam oDiagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou DSM. De acordo com o sociólogo Manuel Vallee, a Federação Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação alternativa, como uma resistência à influência do DSM-3. Esta alternativa foi a CFTMEA (Classification Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent), lançado pela primeira vez em 1983, e atualizado em 1988 e 2000. O foco do CFTMEA está em identificar e tratar as causas psicossociais subjacentes aos sintomas das crianças, e não em encontrar os melhores bandaids farmacológicos para mascarar os sintomas.
E depois, claro, há muitas diferentes filosofias de educação infantil nos Estados Unidos e na França. Estas filosofias divergentes poderiam explicar por que as crianças francesas são geralmente mais bem comportadas do que as americanas. Pamela Druckerman destaca os estilos parentais divergentes em seu recente livro, Bringing up Bébé. Acredito que suas idéias são relevantes para a discussão, por que o número de crianças francesas diagnosticadas com TDAH, em nada parecem com os números que estamos vendo nos Estados Unidos.
A partir do momento que seus filhos nascem, os pais franceses oferecem um firmecadre - que significa “matriz” ou “estrutura”. Não é permitido, por exemplo, que as crianças tomem um lanche quando quiserem. As refeições são em quatro momentos específicos do dia. Crianças francesas aprendem a esperar pacientemente pelas refeições, em vez de comer salgadinhos, sempre que lhes apetecer. Os bebês franceses também se adequam aos limites estabelecidos pelos pais. Pais franceses deixam seus bebês chorando se não dormirem durante a noite, com a idade de quatro meses.
Os pais franceses, destaca Druckerman, amam seus filhos tanto quanto os pais americanos. Eles os levam às aulas de piano, à prática esportiva, e os incentivam a tirar o máximo de seus talentos. Mas os pais franceses têm uma filosofia diferente de disciplina. Limites aplicados de forma coerente, na visão francesa, fazem as crianças se sentirem seguras e protegidas. Limites claros, eles acreditam, fazem a criança se sentir mais feliz e mais segura, algo que é congruente com a minha própria experiência, como terapeuta e como mãe. Finalmente, os pais franceses acreditam que ouvir a palavra “não” resgata as crianças da “tirania de seus próprios desejos”. E a palmada, quando usada criteriosamente, não é considerada abuso na França.
Como terapeuta que trabalha com as crianças, faz todo o sentido para mim que as crianças francesas não precisem de medicamentos para controlar o seu comportamento, porque aprendem o auto-controle no início de suas vidas. As crianças crescem em famílias em que as regras são bem compreendidas, e a hierarquia familiar é clara e firme. Em famílias francesas, como descreve Druckerman, os pais estão firmemente no comando de seus filhos, enquanto que no estilo de família americana, a situação é muitas vezes o inverso.
Na medida em que os médicos franceses são bem sucedidos em encontrar e reparar o que estava errado no contexto social da criança, menos crianças se enquadram no diagnóstico de TDAH. Além disso, a definição de TDAH não é tão ampla quanto no sistema americano, que na minha opinião, tende a “patologizar” muito do que seria um comportamento normal da infância. O DSM não considera causas subjacentes. Dessa forma, leva os médicos a diagnosticarem como TDAH um número muito maior de crianças sintomáticas, e também os incentiva a tratar as crianças com produtos farmacêuticos.
A abordagem psico-social holística francesa também permite considerar causas nutricionais para sintomas do TDAH, especificamente o fato de o comportamento de algumas crianças se agravar após a ingestão de alimentos com corantes, certos conservantes, e / ou alérgenos. Os médicos que trabalham com crianças com problemas, para não mencionar os pais de muitas crianças com TDAH, estão bem conscientes de que as intervenções dietéticas às vezes podem ajudar. Nos Estados Unidos, o foco estrito no tratamento farmacológico do TDAH, no entanto, incentiva os médicos a ignorarem a influência dos fatores dietéticos sobre o comportamento das crianças.
Texto original em Psychology Today

Telemóvel ou filhos?




           Telemóvel ou filhos? O que é prioritário pode não ser tão óbvio para alguns pais.

“Mãe, tenho uma coisa para te contar?” “Pai olha o desenho que fiz!”. Apesar da insistência da criança, mãe ou pai estão demasiado ocupados a trocar SMS, a falar com um amigo ou a experimentar a aplicação acabadinha de sair e que lhes vai facilitar tanto a vida. Está a tornar-se um hábito em muitas famílias: olhos n
os ecrãs dos telemóveis e tablets e pouca conversa. As interacções entre pais e filhos podem estar a sofrer com o mundo digital ou é ainda possível jantar em família?

Esta e outras questões foram colocadas pela psicóloga clínica Catherine Steiner-Adair no seu livro The Big Disconnect e sublinhadas num artigo que a norte-americana publicou esta semana no site de notícias Quartz, onde fala num “paradoxo parental do momento”.

“Não só as distracções crónicas de tecnologia têm efeitos profundos e duradouros, como as crianças precisam desesperadamente de pais que lhes deêm o que tecnologia não pode: proximidade, interacções significativas com os adultos nas suas vidas”, defendia a autora na apresentação do seu livro lançado em 2013 e para o qual entrevistou mais de mil crianças em fase de creche e outras no ensino básico, preparatório e secundário.

Steiner-Adair admite que a tecnologia veio aproximar familiares que estão a grande distância, através de serviços como o Skype ou as redes sociais, mas a interacção pessoal perdeu terreno, nomeadamente entre pais e filhos. A psicóloga nota no artigo que escreveu no Quartz que “as escolhas que fazemos diariamente sobre o uso de telemóveis e ecrãs quando os nossos filhos estão presentes podem afectar significativamente em todos os aspectos a sua saúde e desenvolvimento”.

Nas entrevistas que fez a crianças e adolescentes, Steiner-Adair ouviu a maioria dos inquiridos afirmarem que os seus pais estavam fisicamente presentes mas emocionalmente distantes, devido à constante ligação aos aparelhos móveis. O resultado, segundo a autora, é claro e tem consequências graves. “Quando largamos tudo para nos virarmos para os nossos telefones estamos a enviar a seguinte mensagem: ‘Por mim está bem ver apenas que estás aqui – não és assim tão importante. A nossa conversa, a nossa proximidade, o nosso relacionamento, nada disso é uma prioridade’. Estamos também a ensinar aos nossos filhos a fazer a mesma coisa”.

A psicóloga alerta que há momentos chave onde o telemóvel ou otablet devem ser postos de lado. Seguindo estes passos, a autora acredita que pais e filhos podem “fazer a diferença” e mudar para melhor a forma como se relacionam.
As manhãs são essenciais para transmitir aos filhos que os seus pais estão calmos e presentes e que o dia vai começar bem. Conselho aos pais: por que não acordar um pouco mais cedo e ver emails ou realizar tarefas online antes de ajudar os filhos a saírem da cama? O mesmo se deve fazer à hora de deitar. “Nada de ecrãs no quarto para ninguém!”, defende a psicóloga.

Ao volante, as mãos devem estar livres para a condução. A regra é universal mas alguns adultos continuam a alternar os olhos na estrada com os olhos nos ecrãs. Steiner-Adair sublinha não só o perigo do acto, mas alerta ainda que os momentos passados no carro devem ser “criativos, calmos e dedicados a conversas com as crianças”. Este conselho serve para quando se vai levar ou buscar os mais novos à escola, por exemplo. Depois de um dia ocupado com aulas e de várias experiências, a maioria das crianças está ansiosa por partilhar tudo com os pais. “É importante ouvir sobre como correu o seu dia e eles ficam melhores quando o podem compartilhar connosco”.

Outro dos momentos importantes para reforçar as ligações familiares são as horas de refeição. Falar sobre como correu o dia, o que aprendeu, os momentos mais emocionantes, devem fazer parte de uma normal conversa à mesa, sem que haja interrupções com toques de telemóvel ou alertas para novas entradas no Facebook.

A tecnologia torna mais próximos os que estão longe mas também afasta quem mais precisa de nós.

Daniel Rocha, in Jornal Público