quinta-feira, 21 de julho de 2016

A cabeça ou o coração? Deve ouvir os dois na hora de escolher o curso


Vocação ou garantia de emprego? Seguir o sonho ou apostar onde se tem melhores notas? São dúvidas que se atropelam na cabeça dos alunos por esta altura. Aqui vão algumas dicas para escolher melhor.
Ciência Política e Relações Internacionais ou Ciências da Comunicação? Serviço Social ou Sociologia? Escolher de acordo com a razão ou a emoção? Há muitos alunos que chegam ao final do 12.º ano sem saber exatamente que curso superior querem tirar. Não interessa se são alunos bons, maus ou medianos. As dúvidas e a ansiedade na hora de preencher o boletim de candidatura assolam uma grande parte dos alunos. E para que a escolha seja informada os estudantes devem ponderar várias questões. O Observador falou com especialistas e reuniu algumas dicas neste artigo.
“Na atualidade, cada vez mais as pessoas se candidatam em função das saídas profissionais. Se há uns anos era a motivação que mandava, neste momento os alunos vão para a faculdade já virados para a empregabilidade”, relatou ao Observador Joana Alves Ferreira, psicóloga clínica, do Canto da Psicologia.
E neste processo de tomada de decisão – que fica logo mais limitada consoantes os exames nacionais que os alunos tenham feito – não são só os alunos que ficam nervosos. Alguns pais ficam tão ou mais ansiosos que eles e, por vezes, acabam por interferir em demasia. “O papel dos pais neste assunto é muito o de mostrar a realidade, mas dando sempre espaço para que o adolescente faça as suas escolhas”, defendeu Joana Alves Ferreira.
Uma opinião partilhada por Vítor Silva: “Os pais devem orientar, esclarecer, procurar sessões de esclarecimento, mas não devem interferir na motivação e na vocação que o estudante sente”, defendeu o coordenador da Universidade Júnior da Universidade do Porto, um projeto dirigido a alunos até ao 11.º ano e que visa precisamente informar os jovens estudantes sobre os cursos existentes e a realidade da instituição.
Ambos os especialistas alertaram que a escolha do curso de ensino superior deve ter sempre na base uma ponderação de vários fatores, que o Observador elenca de seguida:

– Vocação e aptidões cognitivas

A vocação para uma determinada área é fundamental no momento de escolher o curso a seguir, pois contribui para a motivação dos estudantes e “a motivação deve ser sempre um dos principais fatores a ter em conta. Se um aluno se sente motivado é meio caminho para o sucesso”, explicou Vítor Silva. Também Joana Alves Ferreira sublinhou que seguir a vocação é muito importante, até mais do que, por vezes, escolher apenas os cursos consoante as disciplinas a que se tem melhores notas. “Fazer uma escolha porque se tem uma média muito boa nem sempre dá bom resultado, porque o aluno não vai estar motivado”, afirmou a psicóloga. Contudo, é preciso ter sempre em atenção as aptidões cognitivas. Por exemplo, um aluno que gosta muito de artes, se não tiver desenvolvidas as aptidões necessárias mais vale repensar as suas escolhas.

– Saídas profissionais e empregabilidade

A questão das saídas profissionais do curso é também muito abordada nas consultas de orientação vocacional, pois é importante que os alunos percebam que profissões poderão vir a ter consoante tirem um ou outro curso. Ou seja, os alunos precisam de saber que, por exemplo, um curso de Direito não permite apenas ser advogado, assim como um curso de Psicologia não dá apenas para ser psicólogo clínico.
Além disso, também o fator da empregabilidade conta cada vez mais na hora da escolha e pode encontrar esses dados em relação a todos os cursos na página oficial do infocursos.mec.pt. “Há 10 anos imperava o princípio do prazer, hoje impera o princípio da realidade. Os alunos vão para os cursos que acham que lhes vão dar mais oportunidades. O que a nós nos preocupa é que a escolha profissional é importantíssima e muitos outros fatores, que não o da empregabilidade, devem ser levados em conta nesta hora”, rematou Joana Alves Ferreira.
Também Vítor Silva confirmou essa “grande preocupação com o desemprego” por parte dos alunos e dos pais, mas aproveitou para dizer aos alunos que “não se foquem demasiado na empregabilidade porque a realidade de hoje pode não ser a mesma daqui a quatro ou cinco anos, quando eles acabarem o curso”.

– Valores profissionais

Os estudantes devem ter ainda em conta o que a psicóloga Joana Alves Ferreira chama de “valores profissionais”. Isto é, pensar naquilo que para eles “é mais importante numa profissão”. “Há pessoas que querem ser bem remuneradas, outras pensam imediatamente nas questões mais humanitárias, na recompensa social” – e consoante isto o aluno pode também ponderar seguir um ou outro curso, resumiu a psicóloga.

– Saiba o que o espera em cada curso

Importante também é conhecer os planos de estudos do (s) curso (s) desejado (s), nas diferentes instituições, de forma a saber que disciplinas vão ter de frequentar. Desta forma os estudantes conseguem filtrar melhor aquilo que querem mesmo. Se saltarem esta pesquisa, o que pode acontecer é surpreenderem-se, ou até mesmo desiludirem-se, com algumas disciplinas que vão encontrar pelo caminho. “É essencial consultar os programas de estudos dos cursos para saber, desde logo, que cadeiras têm e que saídas profissionais apresentam”, sublinhou Vítor Silva. Isso pode ser feito consultando as páginas das instituições de ensino superior.

– Escolher bem a instituição

Em véspera de candidaturas ao ensino superior, a preocupação dos alunos não está ou não deve estar apenas centrada no curso a escolher, mas também na instituição a frequentar. E aqui há vários aspetos a ter em conta: desde a composição do corpo docente, ao prestígio da instituição e à sua especialização, ou seja, se está mais voltado para uma ou outra área de estudos, e ainda a sua localização. Pode sempre dar uma olhadela também nos rankings internacionais onde vão aparecendo algumas das universidades portuguesas.

– Ter em conta os custos

Claramente que as opções a colocar na candidatura de acesso ao ensino superior devem refletir uma série de preocupações por parte do aluno. E não menos importante é a questão dos custos. Ou seja, para um aluno que estuda em Vila Real, faz toda a diferença entre colocar nas primeiras opções, por exemplo, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ou a Universidade de Lisboa. Não só porque vai ficar deslocado de casa, mas também porque Lisboa é o sítio mais caro, a par de Coimbra, para se estudar, tendo em conta as propinas pagas, o preço médio do alojamento, os transportes, entre outras despesas. Estudar no interior fica mais em conta do que estudar no litoral. O melhor mesmo é fazer essa pesquisa.

Fonte: Observador

quinta-feira, 2 de junho de 2016

10 sinais de ansiedade aos exames


Na época de exames os jovens estão expostos a níveis de ansiedade mais elevada do que em qualquer outro momento do ano. No caso de sentir que o seu filho demonstra intensa preocupação, antes ou durante os testes e costuma apresentar queixas de índole física, pode estar a desenvolver ansiedade de desempenho, o que é prejudicial a nível escolar.

O que acontece com as crianças ou adolescentes que sofrem de ansiedade de desempenho?

Quando sofrem dessa perturbação, os jovens até podem saber muito bem a matéria, mas na altura do teste ou do exame parece que todo o esforço não valeu de nada, porque a ansiedade que sentem é tão intensa que o seu pensamento bloqueia e não conseguem responder a muitas das questões durante a avaliação, isto é, o seu nível de ansiedade é tão elevado que impede o acesso à informação necessária naquele momento. Estas situações fazem com que as notas dos testes, na maioria das vezes não correspondam ao conhecimento que possuem das matérias e os resultados dos testes sejam inferiores às suas expectativas. 

Podemos afirmar que a ansiedade de desempenho ocorre quando existirem sintomas ansiosos em situações passíveis de originar uma avaliação do seu comportamento. Muitas vezes os jovens que sofrem de ansiedade de desempenho, tendem a evitar contextos onde se sentem expostos, o que contribui para o aumento não só de problemas escolares, mas também comportamentais.

Em seguida destacamos os 10 indicadores de ansiedade de desempenho que os jovens costumam apresentar quando sofrem desta perturbação.

1- Refere com frequência frases do tipo "sei que não vou conseguir, estudei tudo, mas acho que me vou esquecer da matéria durante o teste…e se não me conseguir lembrar... tenho receio de bloquear".

2- Verbaliza algumas vezes que se esqueceu de determinada matéria durante o teste – “deu-me uma branca”.

3- Tem notas inferiores às suas expectativas mesmo estando bem preparado.

4- Dificuldade em responder a algumas questões, nos testes ou na sala de aula por receio de errar.

5- No dia anterior aos testes ou quando tem de fazer apresentações ou até por ter de falar para a sua turma, demostra com frequência grande preocupação com o seu desempenho ou tem dificuldade em dormir.

6- Denotam-se sinais frequentes de ansiedade como inquietude, indisposição, corar, voz tremula, maior transpiração no corpo ou mãos, nos momentos que antecedem as avaliações.

7- Receia o início de um novo ano letivo ou período, especialmente no último pelo receio dos resultados finais. Parte inferior do formulário

8- Passa os intervalos a ler os resumos até ao início do teste.

9- Recusa frequentemente atividades em que tem de se expor.

10- Demostra muita preocupação do que as outras pessoas possam pensar dele em diversos contextos.


Se após esta análise, percebe que o seu filho apresenta estes sinais e apresenta desconforto e preocupação relativamente às situações de avaliação ou a ansiedade que sente está a comprometer o seu bem-estar, é possível que esteja a sofrer de ansiedade de desempenho, sendo recomendável que procure um especialista para que seja feita uma avaliação psicológica e evitar que estes sintomas se agravem e condicionem o seu sucesso escolar.

É recomendável que seja realizada uma avaliação do nível de stress e se for elevado, deve recorrer a algumas sessões de psicoterapia para atenuar este tipo de sintomas. Esta ajuda permitir-lhe-á atingir melhores resultados nas avaliações, especialmente porque o efeito deste acompanhamento perdura, permitindo-lhe que em situações de avaliações futuras, recorra às estratégias aprendidas e, também possibilita o conhecimento de formas simples, mas eficientes de promover a resiliência dos jovens.

O acompanhamento dos jovens nesta altura do ano faz toda a diferença, é que além de aumentar o seu bem-estar psicológico, também permite a redução dos sintomas associados a problemas de desempenho, comportamentais e de saúde.

A intervenção psicoterapêutica ajuda jovens não só a desenvolverem estratégias eficazes para melhorarem o seu desempenho, como a efetivar as mudanças necessárias na sua forma de sentir, pensar ou agir, aumentando assim o seu bem-estar durante o seu desenvolvimento. Além de possibilitar o desenvolvimento de recursos internos, como forma de aprenderem a lidar melhor com algumas dificuldades, tais como, inquietude, ansiedade aos testes, relacionamentos conflituosos ou estados de tristeza.

Este tipo de intervenção, em casos de sintomatologia ansiosa durantes os exames é uma ajuda imprescindível, pelo facto de permitir diminuir a ansiedade, cujos sintomas podem prejudicar as seus resultados escolares e comprometer as  relações interpessoais, mas também para prevenir o risco de desenvolverem depressão na idade adulta.



quinta-feira, 12 de maio de 2016

6 dicas para lidar com a ansiedade nos exames


A ansiedade pode ser a causa de insucesso escolar. 

A ansiedade é uma reação natural, presente em todos as pessoas, porque nos serve de alerta para uma eventual ameaça, mas quando é muito intensa, causa perda de controlo sobre o comportamento.  

Os altos níveis de ansiedade reduzem a eficiência da aprendizagem, porque diminui a atenção, a concentração e a retenção de informação, o que dificulta as lembranças e, com isso o desempenho em situações de avaliação, como testes ou exames.

A ansiedade em excesso pode manifestar-se a nível comportamental, cognitivo ou físico, tais como, dores de barriga, indisposição, dores de cabeça, problemas de concentração, aumento do ritmo cardíaco, bloqueios ou no
adiar consecutivamente o início do estudo, mantendo a ilusão de que ainda tem temo para estudar, entre outras, que influenciam o desempenho intelectual, memorização ou evocação.

Na fase de exames nacionais, existem cada vez mais casos de crianças e jovens a sentir elevados níveis de ansiedade. A realização dos testes durante o ano letivo podem originar alguma tensão interior, mas os momentos de exames são os que mais contribuem para aumentar a sua ansiedade. Especialmente no caso de alguns os jovens, cujos resultados vão ser decisivos na escolha do curso desejado....podem até ter a matéria bem assimilada, mas tendencialmente têm um desempenho inferior, causado pela dificuldade em lidar a ansiedade.
Existem muitos alunos que sentem grande pressão em momentos de avaliação, que começa muitas vezes na noite anterior ao teste e continua a aumentar até à hora da prova… a ansiedade atinge níveis muitas vezes tão elevados, que alguns alunos afirmam “ fiquei com uma branca…bloquei e não conseguia pensar” apesar de se sentirem preparados e de saberem bem a matéria. O inimigo principal numa situação de exame é a ansiedade que é criada na cabeça do aluno e não o respetivo exame. É isso que determinará a possibilidade de virem a ter má nota e não por falta de conhecimentos da matéria, mas sim porque a ansiedade impediu de usar os conhecimentos. 

Os alunos sentem os testes ou exames, como uma reação emocional negativa, originada pelas expectativas criadas na presença de um teste, passando assim a ser percecionada como uma ameaça para si próprios. Esta situação ocorre muitas vezes após terem passado por experiências extremamente ansiosas em situações de avaliação e que depois passam a ser sentidas como ameaçadoras ou a desenvolver sentimentos de insegurança. A dificuldade em lidar com a ansiedade prejudica e muito o desempenho de qualquer aluno, porque interfere até na sua preparação. Alguns podem até não ter negativas, mas os resultados são frequentemente inferiores às suas reais capacidades.
 
Como ajudar a gerir a ansiedade nas situações de avaliação e evitar o insucesso?

A dificuldade em lidar com a ansiedade causa muito sofrimento, frustração e desmotivação em todos os alunos. Este ciclo ansioso, inicia-se muitas vezes durante 1ºciclo, com menor ou maior intensidade, mas ao longo do percurso escolar, à medida que aumenta a exigência, também aumentam os níveis de ansiedade, principalmente em momentos de exame ou em avaliações decisivas.
É essencial que os pais e os professores que lidam com crianças que sentem esta dificuldade, comecem a ajudá-las a ter mais autoconfiança, a encorajá-las e a reforçar as suas competências, dizendo frases como, “ tu sabes bem a matéria”, “ boa conseguiste responder a todas as questões”, “no teste anterior tiveste boa nota, agora tens de estudar do mesmo modo para este ”.

1- Dar mais autonomia e mostrar confiança

Ao longo do processo de desenvolvimento da criança, os pais devem ir dando maior autonomia em função da idade, para facilitar o desenvolvimento de sentimentos de confiança, deixá-la resolver algumas tarefas sozinha, tal como, tomar banho, pentear-se, colocar a mesa, fazer os t.p.c, estudar para os testes... igualmente importante, é transmitirem mensagens de confiança relativamente às atividades diárias que as criança realizam. Desta forma, a sua perceção de desempenho nas diversas atividades melhora, tornando-se assim mais autoconfiantes e a criar expectativas positivas relativamente ao seu desempenho, seja nas avaliações ou na sua capacidade em resolver problemas.  

2-Evitar atribuir os baixos resultados a incompetência pessoal.
Analisar as razões pelas quais não teve bom desempenho em determinado teste é importante, para evitar que o mau resultado nesse teste, não passe a estar relacionado com a falta de competências pessoais, que só contribuirá para o aumento de sentimentos de fracasso, enfraquecendo a autoconfiança e autoestima, implicando também maior desmotivação para o estudo. As avaliações servem para medir as demonstrações de conhecimento e não as características pessoais ou que se é.

3- Adquirir métodos de estudo
Em muitos casos, só tardiamente é que as crianças descobrem qual o método de estudo mais adequado para o seu caso. Sem muitas vezes saberem como devem estudar, é normal que se sintam um pouco à deriva e, a matéria não seja assimilada da forma mais eficaz, porque não estão a ser utilizadas as melhores estratégias de preparação para as avaliações. Certamente que não saber como estudar e ter frequentemente notas abaixo do esperado, enfraquece o nível de autoconfiança, perante as avaliações posteriores.

4- Evitar pensamentos negativos

Deixar de ter pensamentos negativos nos momentos de avaliação, tais como, “já não me lembro nada do que estudei”, “vai acontecer como no teste anterior”, “não vou conseguir", "não sei porque estudei tanto".
Os alunos nem sempre têm consciência deste tipo de pensamentos, nem da influência que os mesmos podem ter em situações de avaliação. Estes pensamentos são muitas vezes a causa dos seus bloqueios e o reflexo da sua a falta de confiança. É necessário ajudar as crianças a identificar estes pensamentos e a modificar este seu modo de pensar.

5- Aprender a gerir o tempo
A maior parte dos alunos tem muito tempo disponível, no entanto, a má gestão do seu tempo, impede-os de estudarem o tempo devido, porque só estudam em cima da hora. Outra consequência é desorganizar-se no período de tempo facultado para as provas de avaliação, acontece quando perdem mais tempo do que é suposto numa pergunta e depois não tem tempo para fazerem as restantes. Deste modo, é fácil perceber como a deficiente gestão pode causar ansiedade. 

6- Praticar exercício físico, dormir bem e ter uma alimentação saudável.
Para diminuir os níveis de ansiedade, os alunos devem adotar hábitos de vida saudáveis, de alimentação e repouso suficiente, principalmente na época de exames ou período de frequências.
Estes Ingredientes são indispensáveis para o bom funcionamento do organismo em geral, sendo também benéfico o cérebro melhorar a sua atividade e ser mais eficaz ao nível da memorização, atenção e concentração.
A pratica de exercício físico, melhora o bem-estar, devido à libertação de endorfinas e  o seu cuidado com o corpo facilita o aumento da autoestima e autoconfiança, fazendo com que sintam maior satisfação e harmonia interior.
A pratica regular de exercício físico, renova a energia e contribui para reduzir os níveis de ansiedade.

Pela experiência que adquiri ao longo dos anos, relativamente aos casos de perturbação da ansiedade, nomeadamente em contexto escolar, posso afirmar que a ansiedade aos testes, pode ser reduzida durante os momentos de avaliação e que o aluno consegue melhorar o seu desempenho escolar, se tiver possibilidade de ter um acompanhamento que lhe permita desenvolver as competências necessárias. Especialmente os alunos mais ansiosos, aprender a lidar com a ansiedade numa situação de avaliação é a única maneira de ultrapassar esta fase com sucesso.

Quando os pais já tentaram ajudar e percebem que não conseguem resolver o problema, devem consultar um psicólogo experiente neste tipo de situações para acabar com este sofrimento constante e o agravamento desta sintomatologia ansiosa em situações de avaliação futuras.


Nas primeiras sessões de acompanhamento é realizada uma avaliação individualizada das necessidades e condicionamentos existentes na criança ou jovem, de modo a estruturar um plano de ação, por forma a desenvolver e consolidar as competências mais eficazes para que o aluno consiga alcançar o sucesso escolar desejado.


 

terça-feira, 26 de abril de 2016

Orientação Escolar e Vocacional




A uma dada altura, os jovens são confrontados com a necessidade de escolher qual o percurso académico que pretendem seguir. As alternativas de escolha são muitas e as implicações relacionadas com o seu futuro profissional são grandes, tornando-se muitas vezes uma decisão difícil para um adolescente, que se encontra, ele próprio, numa fase de desenvolvimento marcada por muitas e exigentes mudanças.  

Neste sentido, o processo de orientação escolar e vocacional visa:

- Ajudar os alunos a descobrirem qual o percurso académico que se enquadra melhor nos seus interesses, aptidões, capacidades e características de personalidade; 

- Conhecer as profissões e cursos existentes; 

- Tomar uma decisão mais refletida e consciente sobre o seu futuro.

As Consultas de Orientação Escolar e vocacional são dirigidas a jovens a partir dos 14 anos e que possuam pelo menos a frequência do 9º ano de escolaridade, sendo esta realizada em 3 momentos:

1º Momento: Entrevista Inicial  
Exploração das expectativas e experiências de vida na definição de um plano de desenvolvimento pessoal sessão.

2º Momento: Análise de Aptidões e Interesses Profissionais  
Administração de testes de avaliação dos interesses profissionais, aptidões e personalidade.  


3º Momento: Devolução dos Resultados
Devolução dos resultados e exploração de opções escolares e profissionais. Orientação face às opções a tomar. Construir um projeto.
 

A Orientação Escolar e Vocacional é realizada em 4 sessões. Na primeira, efetuamos a entrevista inicial, as duas sessões seguintes correspondem à fase de avaliação e, a última entregamos o relatório.

Sugerimos a presença dos pais ou encarregados de educação, na primeira e na última sessão.
 

Preço: 125 euros.

Se necessitar de algum esclarecimento adicional, não hesite em contactar-nos!

Psicóloga responsável - Dra. Cátia Pascoal

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Vamos educar sem gritos!

Parece impossível mas não é. Educar sem gritar (pelo menos tanto) exige tempo e um caminho de avanços e retrocessos. No final, todos ganham.A psicóloga Anne Bacus lançou recentemente o livro “100 Maneiras de fazê-los obedecer – sem gritos nem palmadas”. Trata-se de uma centena de conselhos que “deveriam evitar-lhe ter de gritar, enfurecer-se, repetir centenas de vezes as mesmas ordens ou proibições; envolver-se em negociações intermináveis; ir-se abaixo e acabar aos gritos ou à palmada”. A bem de construir em nossas casas uma atmosfera serena, onde seja agradável viver. Parece aliciante, não é? Lemos o livro e escolhemos cinco especialmente práticos.



1. Aprenda o modo de pensar da criança
As crianças não pensam como os adultos, pelo que é inútil tentar compreender certos comportamentos à luz dos nossos padrões. As suas expectativas e prioridades são diferentes e até as palavras não têm o mesmo sentido. A autora dá exemplos: “’Um minuto!’, para as crianças, dura sessenta segundos. Para os pais é o tempo de que precisam para acabar o que estão a fazer e ficarem disponíveis. ‘Imediatamente’, para os pais, quer dizer imediatamente. Para uma criança significa ‘quando os meus desenhos animados tiverem acabado’. ‘Arrumar’, para os pais, é fazer de modo a que cada objeto volte ao seu lugar de origem. Para as crianças, é deixar de ver o pandemónio…” As crianças caraterizam-se pela ausência de paciência e pela visão de curto prazo. Como Anne Bacus explica, “se ela gosta de bombons, é inútil convencê-la a não os comer falando-lhe das cáries que surgirão nos anos seguintes!”. Se os pais tiverem em conta estas diferenças, o relacionamento será mais fácil.


2. Elimine a urgência e a tensão
Quanto mais contrariado e pressionado se encontra o adulto, mais se enerva. Quanto mais uma criança sentir os pais nesse estado, mais se irá opor. A autora diz que “Despacha-te!” é a palavra mais ouvida pelas crianças. A tarefa é, então, eliminar o estado de urgência no nosso lar. Abrandar, escutar a criança, aproveitar melhor o momento, arranjar um pouco de tempo para relaxar e cuidar de si. “Recorde-se das últimas crises que o opuseram ao seu filho e tente compreender o que as provocou. Perceba o que o fez explodir e quais os comportamentos a que é sensível. Imagine como se poderia organizar de outra maneira”.


3.Descubra técnicas para manter a calma
Se chegar a casa muito cansada, enervada, cheia de coisas por resolver, o mínimo incidente provoca uma explosão! Nesses casos, previna os seus filhos e diga-lhes como se sente. Se puder, descontraia um pouco sozinha. Se não for possível, partilhe com eles atividades com “risco mínimo”, como verem televisão ou irem ao parque. Espere sempre um momento antes de reagir. Pode ser o tempo necessário para ver que a fúria está a crescer. “Duas ou três inspirações podem fazê-la parar e readquirir o sangue-frio”. Elimine as tensões através de outros meios de expressão, como bater numa almofada, cantar alto… “Não faça à frente do seu filho o que não gostaria que ele fizesse, como partir a loiça ou bater com as portas”. No momento em que sentir a fúria a crescer e a luta pelo poder a instalar-se, “pegue no seu pequenote e abrace-o. Olhe-o nos olhos e diga ‘Vamos acalmar-nos e fazer uns miminhos, está bem?’”. Sente que está mesmo quase a gritar? Prometa a si própria: “Não vou gritar” e, em seguida, fale com a voz mais doce que conseguir. “Ficará espantada com o efeito que produz no seu filho!”


4. Utilize um temporizador
“Aposto que não és capaz de te vestir antes do relógio tocar. Vou marcar dez minutos” ou “Tens cinco minutos. Quando isto tocar, sais do banho”. As crianças adoram desafios e o temporizador é eficaz porque não o podemos manipular emocionalmente. Com ele não se testam os limites, nem é possível fazê-lo perder a paciência. É simples, experimente.


5. Saia de cena e respire
“A melhor reação a uma cólera é retirar-lhe o seu público”. Em casa, sair da divisão onde a criança se encontra e ir tratar de outros afazeres, muitas vezes, é suficiente. É uma ocasião para poder respirar tranquilamente, ganhar tempo para readquirir a calma, recuperar a sua racionalidade, distanciar-se e deixar passar a fúria sem a derramar sobre o seu filho.


Berrar baixinho
Magda Gomes Dias, formadora na área de Coaching e Aconselhamento Parental, autora do blogue Mum’s the Boss, lançou aos pais um desafio curioso: o “Berra-me Baixo”. Construiu um programa a ser aplicado em 28 dias. “A adesão ultrapassou todas as expectativas! Toda a gente quer não gritar com os filhos. Gritar solta a tensão, mas depois de o fazermos ficamos tristes e arrependidos, pois não era nada daquilo que queríamos fazer”. Os pais inscrevem-se através do blogue e recebem, duas vezes por semana, uma newsletter com conselhos, informações e trabalhos de casa.
“Não é do dia para a noite que se muda, mas assiste-se a uma melhoria contínua enquanto pais e pessoas”, resume Magda. Gritar, não é mesmo solução. “Quando gritamos fazemos com que os miúdos fiquem ainda mais nervosos. E o que acontece? Bloqueiam! Ou atacam, em defesa. Gritar é diferente de ralhar, exigir, educar. É difícil, mas é possível. Um dia fazemos melhor e no outro parece que deixamos de saber fazer. É mesmo assim. Chama-se aprendizagem”. Na primeira semana, há uma tomada de consciência dos comportamentos. O objetivo é descobrir o que nos faz gritar. Na semana dois, investe-se no vínculo, na qualidade da relação com os filhos. Na terceira semana, encontram-se novas estratégias e, no fim, consolidam-se os conhecimentos.


Duas experiências
Ana Gama e Mafalda Cordeiro experimentaram o desafio. “São conselhos muito práticos e fáceis de aplicar. O mais complicado foi ter destreza mental para driblar as situações de ‘perigo’ com que nos vamos deparando”, reconhece Ana Gama. Quanto às melhorias sentidas, destaca: “Resolvo as situações com mais calma, o que me traz melhores resultados. Penso mais antes de agir. No entanto, não é um processo imediato. Vou interiorizando certos comportamentos, melhorando gradualmente”. O marido seguiu as mesmas orientações: “Tentei identificar os comportamentos que me fazem gritar, para estar um passo à frente das birras das crianças. Quando não o conseguimos, a nossa birra é pior do que a delas...”


Mafalda Cordeiro é taxativa: “Se estamos sempre a gritar com os miúdos, eles acham que é assim que se comunica e andamos todos a gritar. Não quero isso para nós!”. E partilha: “Tenho este desafio sempre em mente porque é muito fácil levantar a voz quando, à décima vez que pedimos para irem vestir o casaco, ainda andam aos pinotes e a correr atrás uns dos outros”. Mas conclui: “Quando a mãe não está bem, está zangada ou mal disposta todos sofrem por tabela. Por isso, desde que decidi aderir e assumir este desafio, vivemos todos muito melhor. Ninguém gosta de gritos. Nem nós, nem as crianças”.




“Nunca é tarde demais para experimentar”
Quais dos 100 conselhos foram inspirados na sua experiência?
A maioria deles! Só consegui escrever este livro porque tenho filhos, cometi erros e também gritei. Tive que experimentar imensas coisas para descobrir o que funciona e precisei de muito tempo para me distanciar.
Que conselho funcionou melhor com a sua família?
“Começa a tua resposta com um ‘sim’ e a criança irá ouvir o resto da tua frase. Começa com um ‘não’ e a crise vai começar…”
Qual é o principal segredo para uma educação de sucesso?
Eu diria que é criar um vínculo forte com o nosso filho, através da partilha de atividades que os dois gostem.
Nunca é tarde demais para experimentar conselhos?
Não, mas quanto mais cedo, mais fácil será.
O comportamento das crianças é sempre resultado do comportamento dos pais?
Não. Acho que há uma série de outras influências, algumas delas que ainda não conhecemos, como a alimentação e os amigos. E cada criança tem a sua própria personalidade.
Porque é que gritar nunca é uma boa solução?
Porque a criança tapa os ouvidos com as mãos e deixa de ouvir!
Por que é que uma família não pode ser governada como uma democracia?
Os pais são adultos, têm experiência e autoridade. Têm de tomar as decisões e perceber os seus efeitos. A criança pode discutir, ter ideias e dar a sua opinião, mas no final são sempre os pais que decidem.
Que coisas a sua mãe lhe dizia e que repete aos seus filhos?
“Continua, esforça-te, vais conseguir!”

Por Ana Sofia Rodrigues, in Pais & Filhos

segunda-feira, 21 de março de 2016

TIQUES: SINTOMAS, CAUSAS E TRATAMENTO




Como podem ser definidos os tiques nervosos?


Os tiques são movimentos rápidos que surgem de forma súbita involuntária e repetidamente, num determinado grupo de músculos, mas também podem ser vocalizações que ocorre sem controlo.

Podemos distinguir dois tipos de tiques, os tiques motores e os tiques fónicos, ou seja, alguns envolvem movimentos corporais e outros emitem sons.

Os tiques motores, podem ocorrer em qualquer parte do corpo, mas na maioria das vezes, são executados pelos músculos da cabeça, dos olhos, da face ou pescoço. Estes movimentos involuntários, são responsáveis por, piscar os olhos, movimentar os ombros, fazer caretas, morder a língua, espasmos musculares, mexer a cabeça, contrair a barriga, mexer no cabelo, fazer gestos com as mãos ou braços, cheirar coisas, entre outros.

Os tiques fónicos ou vocais, tal como o nome indica, provocam sons, tais como, grunhidos, tosse, fazer estalinhos com a língua, gritar, fungar, repetir palavras fora do contexto, emitir um som sem significado, mudar o tom de voz ao falar, assim como podem ser o repetir de palavras imediatamente após ouvi-las ou até incluir palavras insultuosas no discurso, entre outros.

Além da distinção dos tiques, em função do tipo de músculos envolvidos, as perturbações dos tiques podem ser classificadas em três categorias:

I) Tiques vocais ou motores crónicos-Existência de tiques motores ou vocais, com duração superior a 12 meses, frequentemente associada a hiperactividade e a défice de atenção.

II) Tiques transitórios - Existência de tiques motores ou vocais, com duração de pelo menos 4 semanas e não mais de 12 meses consecutivos.

III) Perturbação Gilles de la Tourette – Coexistência de múltiplos tiques motores e pelo menos um vocal, com duração superior a 12 meses e geralmente inicia-se na infância.

A Perturbação Gilles de la Tourette não tem cura, mas pode ser controlada com tratamento adequado que pode incluir o uso de medicamentos e psicoterapia, permitindo que a pessoa consiga ter uma vida normal.

As pessoas com este tipo de perturbação, podem também apresentar outras dificuldades, tais como, défice de atenção, hiperactividade, problemas de sono ou perturbação obsessivo compulsiva.

Muitos portadores deste tipo de perturbação, desenvolvem comportamentos impulsivos, agressivos e autodestrutivos. As crianças frequentemente apresentam também dificuldades de aprendizagem. A causa destes comportamentos, poderá estar relacionada com a própria perturbação ou com o enorme stress de conviver com a mesma.

Esta perturbação, afeta cerca de 1 em cada 100 crianças. Os tiques e surgem antes dos 18 anos, geralmente começam por volta dos seis anos de idade mas, é ao longo do desenvolvimento da criança que muitas vezes se tornam mais graves. Geralmente, a fase mais complicada é entre os 10 e os 12 anos de idade e normalmente começam a diminuir durante adolescência mas, podem voltar em situações de maior ansiedade e até perdurar para sempre, com fases de remissão de semanas e até anos.

As causas desta perturbação podem ser orgânicas, como resultado de abuso de substâncias, sintomas de abstinência de drogas, traumatismo craniano, predisposição genética, doenças de foro neurológico ou de origem emocional que surgem associados a episódios traumáticos, onde os tiques surgem como forma de aliviar a tensão interior.

Nem sempre as crianças ou até mesmo os adultos têm consciência dos seus tiques, no entanto, ao longo do tempo, acabam por sentir determinado impulso antes do tique e a sensação de alivio após a sua execução. Surgindo assim a necessidade de repetir determinados tiques até sentirem a ansiedade ou tensão a diminuir.

Alguns tipos de tiques podem ser controláveis, por períodos de tempo reduzidos, no entanto, quando pessoa tenta evitá-los, após algum tempo, a sua tensão interior começa a aumentar e, nessa fase tornam-se inevitáveis, fogem ao seu controle e a pessoa acaba por ter de fazê-los, isto ocorre, pela necessidade de reduzir a tensão sentida.

Algumas pessoas até são capazes de suprimir os seus tiques, com maior ou menor dificuldade em alguns contextos, mas para outras torna-se impossível controlá-los sem ajuda, especialmente situações de stress emocional.

A sua duração e frequência é variável, pode ocorrem períodos em que a pessoa quase não tem necessidade de fazê-los, mas existem outras alturas, em que os tiques são totalmente incontroláveis. Não ocorrem durante o sono.

O tipo de tratamento e a duração, depende da gravidade dos
tiques. Um diagnóstico é sempre necessário e importante, tanto para os pais compreenderem a criança, como para aprenderem a lidar melhor com a situação. Evitando assim, que a criança se sinta incompreendida, sofra ainda mais com a sua perturbação e, consequentemente aumente a sua tensão interior e os tiques.

Os tiques causam sempre muito sofrimento à criança, comprometem o seu desempenho escolar e as suas relações interpessoais, sendo fundamental, recorrer a ajuda profissional, para descobrir a sua origem. Alguns tiques podem ser atenuados ou até eliminados, especialmente se estiverem relacionados com situações de cansaço, ansiedade ou stress, impedindo assim, a diminuição da autoestima, autoconfiança da criança ou agravamento dos mesmos.

Algumas sugestões para os pais ajudarem a criança a lidar melhor com os tiques 

1)Não abordar o tema na presença de outras pessoas.
2)Informar a escola da perturbação.
3)Evitar impedir, castigar ou recriminar a criança. A ansiedade só agrava os tiques.
4)Dar-lhe apoio e tranquilizá-la, dizer-lhe que vão procurar ajuda para os seus tiques.
5) Ignorar os tiques. Chamar a atenção da criança, só agrava mais os tiques.
6)Pedir às pessoas à sua volta para não fazerem comentários.
7)Evitar situações e lugares geradores de stress.

Sintomas associados à perturbação Gilles de la Tourette :
  • Obsessões e compulsões;
  • Impulsividade;
  • Ansiedade;
  • Hiperatividade;
  • Problemas de atenção/concentração;
  • Baixa autoestima;
  • Tristeza
  • Inibição social (sente-se frequentemente observado);
  • sentimentos de vergonha e de rejeição pelos pares;
  • Dificuldades de aprendizagem.









          quinta-feira, 17 de março de 2016

          Divórcio dos pais ou divórcio dos filhos?



          São inúmeras as razões que poderão conduzir um casal para uma situação de divórcio e diversas as formas como cada divórcio poderá ser encarado. Cada casal, e cada elemento que o constitui, tem as suas próprias razões e características que influenciarão o decurso e o desfecho de cada processo. Nos casos em que se verifica a presença de filhos é fundamental que os pais tomem consciência de que o divórcio transformará completamente a vida dos mais pequenos.

          Muitos pais têm dificuldade em perceber que a existência de um conflito conjugal não implica que exista também um conflito parental. Em muitos casos, o sofrimento que estão a sentir enquanto casal impede-os de perceber o sofrimento das crianças, quase sempre inevitável. Porém, o modo como as crianças reagem depende da forma como seus pais se comportam, encaram esta mudança e agem.

          A partir do momento em que os pais decidem avançar com o divórcio as crianças deverão ser informadas pelo pai e pela mãe em conjunto, através de uma conversa previamente planeada, calma, aberta à expressão de sentimentos e adaptada ao nível desenvolvimental das crianças, poupando-a de pormenores sobre as causas do divórcio. Este deverá ser um momento de proximidade com os filhos e de demonstração do seu amor incondicional por eles.

          Algumas crianças tendem a culpabilizar-se pela situação, sendo fundamental que os pais lhes assegurem que a responsabilidade não é sua. Além disto, é comum os mais pequenos recearem a perda de um dos progenitores, pelo que estes deverão assegurar a sua presença na sua vida futura.

          Perante esta situação as crianças poderão reagir de diversas formas, dependendo da sua idade. As mais pequenas poderão manifestar irritabilidade, zanga, medo, sintomas físicos (dores da barriga, etc.), tristeza, desejo de reconciliação, sentimentos de culpa, etc., enquanto as mais velhas, nomeadamente a partir do início da adolescência, poderão reagir com sentimentos vergonha, traição, afastamento e tristeza. Todos estes sintomas poderão ser minimizado quanto menor for o envolvimento das crianças no conflito conjugal.

          Um divórcio implica sempre a saída de casa de um dos cônjuges e/ou, em alguns casos, das próprias crianças. Resta-nos questionar se o cônjuge que permite que as crianças saiam de casa ponderou sobre o impacto que esta abrupta alteração de rotina, ambiente e espaço terá no desenvolvimento emocional destas. Durante um processo de divórcio a rotina das crianças deverá ser alterada o mínimo possível, pelo que, na maioria das situações, deverá ser um dos pais a abandonar a casa.

          A saída de casa deverá ser efectuada na ausência dos filhos, evitando que este momento fique para sempre gravado na sua memória. A partir deste momento as crianças passam a ter duas casas. A apresentação da nova casa deverá ser efectuada calmamente, depois de alguma preparação.

          Embora em casas separadas, a presença dos dois pais na vida das crianças é imprescindível, pelo que o contacto e a expressão os seus sentimento pelo progenitor ausente deverá ser respeitada. Aplicar um regime de visitas quinzenal é divorciar os filhos do progenitor que não detém a guarda. As crianças têm o direito de estar várias vezes por semana com ambos os pais, assim como de poder contactar diariamente com o progenitor ausente.

          Muito mais há a dizer sobre as crianças e o divórcio. Certamente voltaremos a aprofundar este assunto em artigos futuros.

          Paulo Coelho - Psicólogo, in "mim – Clínica do Desenvolvimento".