quinta-feira, 21 de julho de 2016

A cabeça ou o coração? Deve ouvir os dois na hora de escolher o curso


Vocação ou garantia de emprego? Seguir o sonho ou apostar onde se tem melhores notas? São dúvidas que se atropelam na cabeça dos alunos por esta altura. Aqui vão algumas dicas para escolher melhor.
Ciência Política e Relações Internacionais ou Ciências da Comunicação? Serviço Social ou Sociologia? Escolher de acordo com a razão ou a emoção? Há muitos alunos que chegam ao final do 12.º ano sem saber exatamente que curso superior querem tirar. Não interessa se são alunos bons, maus ou medianos. As dúvidas e a ansiedade na hora de preencher o boletim de candidatura assolam uma grande parte dos alunos. E para que a escolha seja informada os estudantes devem ponderar várias questões. O Observador falou com especialistas e reuniu algumas dicas neste artigo.
“Na atualidade, cada vez mais as pessoas se candidatam em função das saídas profissionais. Se há uns anos era a motivação que mandava, neste momento os alunos vão para a faculdade já virados para a empregabilidade”, relatou ao Observador Joana Alves Ferreira, psicóloga clínica, do Canto da Psicologia.
E neste processo de tomada de decisão – que fica logo mais limitada consoantes os exames nacionais que os alunos tenham feito – não são só os alunos que ficam nervosos. Alguns pais ficam tão ou mais ansiosos que eles e, por vezes, acabam por interferir em demasia. “O papel dos pais neste assunto é muito o de mostrar a realidade, mas dando sempre espaço para que o adolescente faça as suas escolhas”, defendeu Joana Alves Ferreira.
Uma opinião partilhada por Vítor Silva: “Os pais devem orientar, esclarecer, procurar sessões de esclarecimento, mas não devem interferir na motivação e na vocação que o estudante sente”, defendeu o coordenador da Universidade Júnior da Universidade do Porto, um projeto dirigido a alunos até ao 11.º ano e que visa precisamente informar os jovens estudantes sobre os cursos existentes e a realidade da instituição.
Ambos os especialistas alertaram que a escolha do curso de ensino superior deve ter sempre na base uma ponderação de vários fatores, que o Observador elenca de seguida:

– Vocação e aptidões cognitivas

A vocação para uma determinada área é fundamental no momento de escolher o curso a seguir, pois contribui para a motivação dos estudantes e “a motivação deve ser sempre um dos principais fatores a ter em conta. Se um aluno se sente motivado é meio caminho para o sucesso”, explicou Vítor Silva. Também Joana Alves Ferreira sublinhou que seguir a vocação é muito importante, até mais do que, por vezes, escolher apenas os cursos consoante as disciplinas a que se tem melhores notas. “Fazer uma escolha porque se tem uma média muito boa nem sempre dá bom resultado, porque o aluno não vai estar motivado”, afirmou a psicóloga. Contudo, é preciso ter sempre em atenção as aptidões cognitivas. Por exemplo, um aluno que gosta muito de artes, se não tiver desenvolvidas as aptidões necessárias mais vale repensar as suas escolhas.

– Saídas profissionais e empregabilidade

A questão das saídas profissionais do curso é também muito abordada nas consultas de orientação vocacional, pois é importante que os alunos percebam que profissões poderão vir a ter consoante tirem um ou outro curso. Ou seja, os alunos precisam de saber que, por exemplo, um curso de Direito não permite apenas ser advogado, assim como um curso de Psicologia não dá apenas para ser psicólogo clínico.
Além disso, também o fator da empregabilidade conta cada vez mais na hora da escolha e pode encontrar esses dados em relação a todos os cursos na página oficial do infocursos.mec.pt. “Há 10 anos imperava o princípio do prazer, hoje impera o princípio da realidade. Os alunos vão para os cursos que acham que lhes vão dar mais oportunidades. O que a nós nos preocupa é que a escolha profissional é importantíssima e muitos outros fatores, que não o da empregabilidade, devem ser levados em conta nesta hora”, rematou Joana Alves Ferreira.
Também Vítor Silva confirmou essa “grande preocupação com o desemprego” por parte dos alunos e dos pais, mas aproveitou para dizer aos alunos que “não se foquem demasiado na empregabilidade porque a realidade de hoje pode não ser a mesma daqui a quatro ou cinco anos, quando eles acabarem o curso”.

– Valores profissionais

Os estudantes devem ter ainda em conta o que a psicóloga Joana Alves Ferreira chama de “valores profissionais”. Isto é, pensar naquilo que para eles “é mais importante numa profissão”. “Há pessoas que querem ser bem remuneradas, outras pensam imediatamente nas questões mais humanitárias, na recompensa social” – e consoante isto o aluno pode também ponderar seguir um ou outro curso, resumiu a psicóloga.

– Saiba o que o espera em cada curso

Importante também é conhecer os planos de estudos do (s) curso (s) desejado (s), nas diferentes instituições, de forma a saber que disciplinas vão ter de frequentar. Desta forma os estudantes conseguem filtrar melhor aquilo que querem mesmo. Se saltarem esta pesquisa, o que pode acontecer é surpreenderem-se, ou até mesmo desiludirem-se, com algumas disciplinas que vão encontrar pelo caminho. “É essencial consultar os programas de estudos dos cursos para saber, desde logo, que cadeiras têm e que saídas profissionais apresentam”, sublinhou Vítor Silva. Isso pode ser feito consultando as páginas das instituições de ensino superior.

– Escolher bem a instituição

Em véspera de candidaturas ao ensino superior, a preocupação dos alunos não está ou não deve estar apenas centrada no curso a escolher, mas também na instituição a frequentar. E aqui há vários aspetos a ter em conta: desde a composição do corpo docente, ao prestígio da instituição e à sua especialização, ou seja, se está mais voltado para uma ou outra área de estudos, e ainda a sua localização. Pode sempre dar uma olhadela também nos rankings internacionais onde vão aparecendo algumas das universidades portuguesas.

– Ter em conta os custos

Claramente que as opções a colocar na candidatura de acesso ao ensino superior devem refletir uma série de preocupações por parte do aluno. E não menos importante é a questão dos custos. Ou seja, para um aluno que estuda em Vila Real, faz toda a diferença entre colocar nas primeiras opções, por exemplo, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ou a Universidade de Lisboa. Não só porque vai ficar deslocado de casa, mas também porque Lisboa é o sítio mais caro, a par de Coimbra, para se estudar, tendo em conta as propinas pagas, o preço médio do alojamento, os transportes, entre outras despesas. Estudar no interior fica mais em conta do que estudar no litoral. O melhor mesmo é fazer essa pesquisa.

Fonte: Observador

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