Porque sentem as crianças medo da
separação dos pais?
O medo e a ansiedade de separação, fazem
parte do desenvolvimento normal da criança, mas muitas sentem grande ansiedade
de separação, porque se sentem sós quando os seus pais ou alguém afetivamente
importante, ou seja, as suas figuras de referência não estão próximas da
criança, mesmo nos momentos em que estão na presença de outras pessoas, sentem-se perdidas e sozinhas.
A criança necessita de ter a
representação mental dos pais, de ter construído a sua imagem interna, para conseguir
imaginá-los, quando os mesmos não podem estar presentes fisicamente. Para isso,
a criança precisa de ligações afetivas fortes e significativas para construir essa
representação e, aos poucos ir explorando o mundo que a rodeia.
O medo de se separar dos pais ou de outra
figura afetiva significativa, não deve ser encarado por si só como indicador
de patologia emocional, porque isso faz parte do normal desenvolvimento da
criança. Mas, é esperado que os seus medos desaparecerão à medida que a criança cresce. Contudo, pode evoluir para uma perturbação da Ansiedade de separação, no
caso de a criança apresentar ansiedade ou reações de medo atípicos, em função
do estádio em que se encontra e comprometa o seu desenvolvimento saudável de
adaptação.
Como se caracteriza a Perturbação da
Ansiedade de Separação?
As crianças com perturbação da ansiedade
de separação, estão constantemente a requerer atenção, manifestam angústia e medo
intenso, tanto de separação como com a ideia de separação das figuras de
referência. São indicadores desta perturbação, o medo em estar sozinha, dificuldades
no sono, receio de ir para a escola e dificuldades de interacção social. Estima-se
que existem cerca de 1 a 5% de crianças com este tipo de perturbação.
A ansiedade de separação infantil tem
maior incidência entre os 5 e os 12 anos de idade
É importante diagnosticar este tipo de
perturbação sempre que os sintomas persistam, com o objetivo de avaliar a
criança e ajudá-la a superar os seus medos, facultando estratégias que
possibilitem um desenvolvimento saudável.
Os medos podem ser reais ou imaginários, os mais frequentes são:
Até aos 6 meses - medo de luzes e ruídos fortes, receio de perder o aconchego;
Dos 6 aos 12 meses – medo de desconhecidos, receio da criança em se separar dos pais;
Até aos 2 anos – A criança mantém o medo de separação dos pais e de ser abandonada, receio de estar em sítios desconhecidos, medo de animais;
Entre os 3 e 4 anos – Medo de máscaras e do escuro, continua a sentir receio em se separar dos pais e a ter medo de animais;
Aos 5 anos – Medo de ladrões, mantém receio de separação dos pais e a ter medo de animais;
6 anos - Medo de monstros, bruxas, do escuro, trovoadas e de ficar ou dormir sozinho. Continua o receio de separação dos pais;
Entre os 7 e 8 anos – Medo do escuro, medo quando vê alguns filmes ou notícias trágicas, medo de seres sobrenaturais, mantém o temor em ficar sozinho.
Dos 9 aos 13 anos – Medos relacionados com a morte, receio das discussões dos pais, medos sobre ocorrências na escola, receio sobre a sua aparência física.
Em caso de a criança sentir determinados
medos fora do período considerado normal, é importante ser realizada uma
avaliação quando:
1.Os seus medo forem constantes e
excessivos;
2.As reações da criança possam comprometer
as suas actividades diárias;
3.Causam sofrimento à criança e os seus
sintomas preocupam os pais;
4. Não existe razão aparente para os
seus medos.
Como ajudar a lidar com o medo?
*Quando os pais têm de se separar
fisicamente da criança, devem incentivá-la a escolher um brinquedo, um peluche
ou uma mantinha para levar com ela. Estes objetos transmitem-lhes segurança,
por proporcionar em à criança a representação mental das figuras de referência.
*Os pais devem ser afetuosos e manter uma
postura tranquila com a criança nos momentos de separação.
*Ajudá-la a entender que existe um tempo
para tudo. Há momentos em os pais podem estar com os filhos, mas existem outros
em que têm de ir trabalhar e que não podem estar presentes, mas que voltam,
logo que possível para brincar com ela.
*Conceda-lhe espaço, para poder expressar-se
livremente. Dê importância aos seus sentimentos e opiniões, tudo isso, proporciona-lhe
sentimentos de segurança;
*responsabilize-a quando não realiza as
tarefas/atividades da sua competência ou quando não cumpre as regras. Mas não esqueça
de a elogiar sempre que as executa. Permitindo assim, que a criança desenvolva
melhor consciência das suas atitudes aumente a sua autoestima e autoconfiança;
*Desenvolva a sua capacidade de
iniciativa e a autonomia, sempre que possível pergunte-lhe o que gostava de
fazer ou como pensa resolver determinada situação;
*A criança deve ter rotinas, o seu quarto deve estar organizado de forma harmoniosa e oferecer segurança.
O diagnóstico precoce e o acompanhamento, reduzem as consequências inerentes neste tipo de perturbação e,
consequentemente proporcionam melhor qualidade de vida, não só à criança como
aos próprios pais.
* ver artigo - Medos dos 6 meses aos 13 anos
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